Há uns dois anos eu trabalhava numa estamparia de tecidos junto com mais 6
meninas, todas na média dos 16-18 anos. Era uma casa meio velha, com um salão
bem grande no fundo que usávamos como área de trabalho. Depois de uns dois meses
que eu estava trabalhando lá, umas coisas estranhas começaram a acontecer:
Primeiro foi o portão, que deixávamos trancado com cadeado, que começou a fazer
uns barulhos como se tivesse gente entrando, mas toda vez que alguém ia olhar o
que era, não tinha ninguém e o barulho parava, e às vezes o cadeado estava
aberto. Logo, o aparelho de som começou a ligar e desligar sozinho, e de vez em
quando a gente escutava um barulho muito alto, como se alguém estivesse batendo
nas caixas que usávamos para guardar os tecidos com muita força, força
suficiente pra derrubá-las, mas elas continuavam no lugar. Num outro dia, haviam
três lâmpadas que ficavam encostadas na parede, caso uma queimasse e precisasse
trocar; e a primeira lâmpada da fileira estourou fazendo voar vidro pra todos os
lados. Quando ainda estávamos todas assustadas, antes de perguntarmos o que
aconteceu, estourou a segunda lâmpada! Com medo de que estourasse a terceira
também e sem saber o que estava acontecendo, uma das meninas pegou a lâmpada
restante pra tirar de lá e a lâmpada estourou na mão dela. Ela ficou paralisada
sem saber o tinha acontecido, um dos cacos de vidro até cortou a mão dela. Como
nós sete já estávamos ficando com medo resolvemos contar o que estava
acontecendo pra nossa patroa. É claro que ela não acreditou, e falou que era
tudo psicológico, que era a gente mesmo que tava criando isso. Mas depois de
algum tempo ela mudou de opinião.
Estávamos um dia na entrada do salão e ela estava me explicando como fazer as
estampas de um tecido, e quando ela mergulhou o pincel no balde, escorreu e o
levantou delicadamente em direção ao tecido, a tinta saiu voando do balde pra
todas as direções possíveis. Voou aquele monte de tinta no tecido estragando
aquela parte do tecido todinha, voou tinta no rosto, cabelo e roupas dela, e até
eu, que estava a uns dois metros de distância mais ou menos fiquei toda suja.
Quando eu enxuguei e abri o olho, ela ainda estava na mesma posição, pálida,
segurando o pincel. Depois de alguns segundos perguntou gaguejando o que tinha
sido aquilo. E eu já acostumada com tudo, dei um sorriso e perguntei: "Acredita
na gente agora?" Depois desse dia ela nunca mais duvidou, começou a ascender
incensos, queimar sálvia e logo depois alugou outro lugar pra gente trabalhar!
Depois disso parece que o "Fred", como nós começamos a chamar o nosso inquilino
do além, nunca mais apareceu!
Anônimo